terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Árvore

A maioria dos textos que publico aqui são baseados em fatos que ocorreram comigo. Aqueles leitores que nos acompanham desde o começo já devem ter reparado que não tenho o mesmo dom do Guilherme que, diga-se de passagem, é um excelente escritor e merece ter, algum dia, um livro publicado. Algum dia vou me aventurar em escrever histórias criadas num momento inspirado, onde “viajarei muito na maionese”, rsrsrs. Mas hoje não.

Hoje falarei de mim mesmo.

Minha vida daria uma boa novela das oito, dessas com rede de intrigas, vinganças, traições, romances e mistérios. Seria top para o público da Globo, de verdade.

Domingo (hoje é terça feira), ao deitar, fiquei refletindo em tudo aquilo que já passei até então. Quase sempre o ser humano é muito injusto e egoísta, acha que apenas ele é vitima de problemas na vida e se faz de coitado, se esquecendo de suas vantagens e das coisas boas que surgiram por toda sua caminhada. Sim, meus amigos, automaticamente me torno este tipo de pessoa e posso arriscar a dizer que isso faz parte da natureza humana.

Ontem de manhã, antes de sair para trabalhar, fui analisar minhas despesas do mês e minha situação financeira não é das melhores, afinal de contas estou prestes a casar e tenho diversas dívidas como reforma do apartamento, móveis da casa a serem pagos, o próprio casamento, contas mensais e as diversas despesas que vem de carro e casa... Não é fácil.

Tomei café, escovei os dentes, arrumei minha pasta, tudo pensando na grana que preciso. O telefone toca:

- Amor, bom dia!

- Oi, amor...

- Eu estou precisando de sua ajuda para comprar a torneira da pia da cozinha, o filtro e a Máquina de lavar roupa, será que você poderia usar o dia para me acompanhar?

Em segundos já estava pensando em responder “você está doida? Como que vou comprar as coisas sem trabalhar? Perderei minha segunda feira toda para isso? Como é possível?” Mas não. Algo me fez responder:

- Ok, amor. Vamos sim. Vou te pegar em 20 minutos.

- Obrigada!

E aí? Rsrsrs... Com que dinheiro eu vou comprar as coisas que faltam em casa em pleno Dezembro, época de natal? Ai, meu Deus, esqueci completamente da “época de natal”!

Mas tudo bem, vamos apertando ali, conseguindo uma graninha aqui, e vamos para luta!

Ela já estava me esperando com o sorriso no rosto e com... Uma lista na mão? Já vi que meu dia só estava começando e não me estressaria.

- Bom dia, meu amor! Estou feliz por você ter aceitado nossa programação! (Pensei, “Sua, você quer dizer, né”?)

- Ok, amor. Por onde você quer começar?

- Nossa! Credo. Cara de bravo... Se não quiser ir, tudo bem...

- Amorzinho da minha vida, não começa. Vamos com felicidade no coração. (Só que não.)

- hummm (e deu um sorrisinho para mim... Oh raiva.)

Primeira missão do dia: loja de acabamentos. Em resumo, foi tudo certo. Compramos a torneira e o filtro sem problemas, sem discussões, tudo ok.

Segunda missão: qual era?

- Amor, eu pensei da gente ir numa loja ali, perto de casa, tem preços ótimos de utensílios domésticos, vamos?

Não hesitei e nem quis discussão:

- Vamos.

Entramos, fui acompanhando-a. O carrinho começou a encher; vasilhas de plástico, talheres, enfeites, copos, panelas...

- Amor, é mês de natal, temos que enfeitar nossa casa.

Sim, era mês de natal. O primeiro morando sozinho. Mais um sem meus pais juntos. Vieram as lembranças da minha mãe montando a árvore, eu escondido de noite vendo meu pai depositando os presentes para que eu os achasse na manhã de natal, aquela baboseira de se render a magia do bom velhinho que encanta a infância de todas as crianças. Eu ali, pensativo, não percebera que a Carol já havia depositado bolinhas, luzinhas pisca - pisca, presépio, aqueles enfeites coloridos, sininhos, etc.

- Bruno, e a árvore?

Respondi ainda pensativo:

- Ah, as daqui estão muito feias. Vamos comprar em outro lugar.

- Vamos para o caixa. Precisa de mais alguma coisa?

- Não.

- Deu R$ 302,56. Forma de Pagamento?

- Deu mais de 300 pau? Que isso? Ah... vai em dinheiro mesmo que aí já fico livre.

Nossa! A famosa palavra de baixo calão veio em mente, “fudeu”. Mas vamos lá.

Próxima parada: Lojas Americanas.

Nós dois em silencio. Paramos o carro e já fomos direto, focados apenas na loja especifica, sem olhar para os lados, para as vitrines das demais lojas do shopping, conhecido como a tentação de qualquer mulher, inclusive da Carol.

Já fui direto para o setor de árvores. Diversos tamanhos e qualidades. Como escolher? Pelo preço? Vamos tentar.

A mais barata era horrorosa, seus galhos eram muito separados e a estrutura de plástico fica bem evidente, não gostei.

Talvez eu seja raridade nos dias de hoje. Foco muito na representatividade, nos símbolos, nos valores. Eu passei a odiar o natal por diversos fatores; 1 – A sociedade que passou a explorar o natal como uma data puramente comercial, consumista, obrigando a todos a gastar o que não tem. 2 – Amigos ocultos diversos, uma grande merda, uma grande hipocrisia e falsidade. 3 – Meus pais separados. 4 – Brigas familiares. 5 – ter que aguentar sorrisinhos e falso espirito natalino por toda parte.

Mas um longo pensamento e uma emoção tomou conta de mim. Poxa, se eu comprar uma árvore que dure muito tempo, será aquela que meus filhos terão um momento mágico comigo. É um símbolo de uma nova etapa da minha vida, estou construindo a minha família e aquela árvore será uma marca para minha vida toda e me dará um motivo de fazer com que o natal volte a ser uma data especial para mim. Isso não tem dinheiro nenhum que paga.

As lágrimas saíram, e não paravam. Eu me emocionei e não pensei duas vezes, peguei a mais top, a mais cara, não me hesitei e fiz questão de comprar algo que futuramente depositará alegria, felicidade na minha família. Esqueci meus problemas, esqueci das tristezas, recebi um combustível para trabalhar mais para pagar tudo aquilo, o sorriso da minha futura esposa e o seu apoio quando ela percebeu as lágrimas em meus olhos e logo entendeu tudo, foi o primeiro presente de natal.


O natal deste ano será diferente, será marcado pela árvore da família Paiva Farnese.  



Bruno Farnese. Relações Públicas, filho de Roberto e Kátia. Apreciador de carne e cerveja, odeia azeitona, perder no xadrez do avô ou na peteca da avó. Gosta de tentar escrever nas horas vagas. Reclamações e sugestões? Você pode segui-lo no Twitter @bfarnese ou no Facebook.

3 comentários:

  1. Muito bom! tem coisas que valem a pena com certeza. Essa família 'Paiva Farnese' promete!!
    bjs e abs Carolzinha

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  2. Adorei o texto, principalmente a parte que você pela primeira vez pensou em " Sua Futura família que está concretizando!! " Seus futuros filhos e A SUA ÁRVORE DE NATAL!!! Que começou a sua história em uma data religiosa e feliz!!!! FELIZ NATAL FAMÍLIA PAIVA FARNESE!!!!!

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