A
maioria dos textos que publico aqui são baseados em fatos que ocorreram comigo.
Aqueles leitores que nos acompanham desde o começo já devem ter reparado que
não tenho o mesmo dom do Guilherme que, diga-se de passagem, é um excelente
escritor e merece ter, algum dia, um livro publicado. Algum dia vou me
aventurar em escrever histórias criadas num momento inspirado, onde “viajarei
muito na maionese”, rsrsrs. Mas hoje não.
Hoje
falarei de mim mesmo.
Minha
vida daria uma boa novela das oito, dessas com rede de intrigas, vinganças, traições,
romances e mistérios. Seria top para o público da Globo, de verdade.
Domingo
(hoje é terça feira), ao deitar, fiquei refletindo em tudo aquilo que já passei
até então. Quase sempre o ser humano é muito injusto e egoísta, acha que apenas
ele é vitima de problemas na vida e se faz de coitado, se esquecendo de suas
vantagens e das coisas boas que surgiram por toda sua caminhada. Sim, meus
amigos, automaticamente me torno este tipo de pessoa e posso arriscar a dizer
que isso faz parte da natureza humana.
Ontem
de manhã, antes de sair para trabalhar, fui analisar minhas despesas do mês e
minha situação financeira não é das melhores, afinal de contas estou prestes a casar
e tenho diversas dívidas como reforma do apartamento, móveis da casa a serem pagos,
o próprio casamento, contas mensais e as diversas despesas que vem de carro e
casa... Não é fácil.
Tomei
café, escovei os dentes, arrumei minha pasta, tudo pensando na grana que
preciso. O telefone toca:
-
Amor, bom dia!
-
Oi, amor...
-
Eu estou precisando de sua ajuda para comprar a torneira da pia da cozinha, o
filtro e a Máquina de lavar roupa, será que você poderia usar o dia para me
acompanhar?
Em
segundos já estava pensando em responder “você está doida? Como que vou comprar
as coisas sem trabalhar? Perderei minha segunda feira toda para isso? Como é
possível?” Mas não. Algo me fez responder:
-
Ok, amor. Vamos sim. Vou te pegar em 20 minutos.
-
Obrigada!
E
aí? Rsrsrs... Com que dinheiro eu vou comprar as coisas que faltam em casa em pleno Dezembro ,
época de natal? Ai, meu Deus, esqueci completamente da “época de natal”!
Mas
tudo bem, vamos apertando ali, conseguindo uma graninha aqui, e vamos para
luta!
Ela
já estava me esperando com o sorriso no rosto e com... Uma lista na mão? Já vi
que meu dia só estava começando e não me estressaria.
-
Bom dia, meu amor! Estou feliz por você ter aceitado nossa programação!
(Pensei, “Sua, você quer dizer, né”?)
-
Ok, amor. Por onde você quer começar?
-
Nossa! Credo. Cara de bravo... Se não quiser ir, tudo bem...
-
Amorzinho da minha vida, não começa. Vamos com felicidade no coração. (Só que
não.)
-
hummm (e deu um sorrisinho para mim... Oh raiva.)
Primeira
missão do dia: loja de acabamentos. Em resumo, foi tudo certo. Compramos a
torneira e o filtro sem problemas, sem discussões, tudo ok.
Segunda
missão: qual era?
-
Amor, eu pensei da gente ir numa loja ali, perto de casa, tem preços ótimos de
utensílios domésticos, vamos?
Não
hesitei e nem quis discussão:
-
Vamos.
Entramos,
fui acompanhando-a. O carrinho começou a encher; vasilhas de plástico, talheres,
enfeites, copos, panelas...
-
Amor, é mês de natal, temos que enfeitar nossa casa.
Sim,
era mês de natal. O primeiro morando sozinho. Mais um sem meus pais juntos.
Vieram as lembranças da minha mãe montando a árvore, eu escondido de noite
vendo meu pai depositando os presentes para que eu os achasse na manhã de natal,
aquela baboseira de se render a magia do bom velhinho que encanta a infância de
todas as crianças. Eu ali, pensativo, não percebera que a Carol já havia
depositado bolinhas, luzinhas pisca - pisca, presépio, aqueles enfeites
coloridos, sininhos, etc.
-
Bruno, e a árvore?
Respondi
ainda pensativo:
-
Ah, as daqui estão muito feias. Vamos comprar em outro lugar.
-
Vamos para o caixa. Precisa de mais alguma coisa?
-
Não.
-
Deu R$ 302,56. Forma de Pagamento?
-
Deu mais de 300 pau? Que isso? Ah... vai em dinheiro mesmo que aí já fico
livre.
Nossa!
A famosa palavra de baixo calão veio em mente, “fudeu”. Mas vamos lá.
Próxima
parada: Lojas Americanas.
Nós
dois em silencio.
Paramos o carro e já fomos direto, focados apenas na loja
especifica, sem olhar para os lados, para as vitrines das demais lojas do
shopping, conhecido como a tentação de qualquer mulher, inclusive da Carol.
Já
fui direto para o setor de árvores. Diversos tamanhos e qualidades. Como
escolher? Pelo preço? Vamos tentar.
A
mais barata era horrorosa, seus galhos eram muito separados e a estrutura de
plástico fica bem evidente, não gostei.
Talvez
eu seja raridade nos dias de hoje. Foco muito na representatividade, nos
símbolos, nos valores. Eu passei a odiar o natal por diversos fatores; 1 – A
sociedade que passou a explorar o natal como uma data puramente comercial,
consumista, obrigando a todos a gastar o que não tem. 2 – Amigos ocultos
diversos, uma grande merda, uma grande hipocrisia e falsidade. 3 – Meus pais
separados. 4 – Brigas familiares. 5 – ter que aguentar sorrisinhos e falso
espirito natalino por toda parte.
Mas um longo pensamento e uma emoção tomou
conta de mim. Poxa, se eu comprar uma árvore que dure muito tempo, será aquela
que meus filhos terão um momento mágico comigo. É um símbolo de uma nova etapa
da minha vida, estou construindo a minha família e aquela árvore será uma marca
para minha vida toda e me dará um motivo de fazer com que o natal volte a ser
uma data especial para mim. Isso não tem dinheiro nenhum que paga.
As
lágrimas saíram, e não paravam. Eu me emocionei e não pensei duas vezes, peguei
a mais top, a mais cara, não me hesitei e fiz questão de comprar algo que
futuramente depositará alegria, felicidade na minha família. Esqueci meus
problemas, esqueci das tristezas, recebi um combustível para trabalhar mais
para pagar tudo aquilo, o sorriso da minha futura esposa e o seu apoio quando
ela percebeu as lágrimas em meus olhos e logo entendeu tudo, foi o primeiro
presente de natal.
O
natal deste ano será diferente, será marcado pela árvore da família Paiva
Farnese.
Bruno Farnese. Relações Públicas, filho de Roberto e Kátia. Apreciador de carne e cerveja, odeia azeitona, perder no xadrez do avô ou na peteca da avó. Gosta de tentar escrever nas horas vagas. Reclamações e sugestões? Você pode segui-lo no Twitter @bfarnese ou no Facebook.
Curti batata!
ResponderExcluirMuito bom! tem coisas que valem a pena com certeza. Essa família 'Paiva Farnese' promete!!
ResponderExcluirbjs e abs Carolzinha
Adorei o texto, principalmente a parte que você pela primeira vez pensou em " Sua Futura família que está concretizando!! " Seus futuros filhos e A SUA ÁRVORE DE NATAL!!! Que começou a sua história em uma data religiosa e feliz!!!! FELIZ NATAL FAMÍLIA PAIVA FARNESE!!!!!
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