quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Curtindo umas crianças adoidado - Parte final




Ok. Créditos pro parque comprados.

- Aí galera, qual será o primeiro?

- Roda Gigante!

Estremeci, pois realmente não esperava esta resposta. Eu não tenho medo de nada, quer dizer, só de uma coisa: Altura. Não passo nem em passarela, imagina andar de roda gigante? Nem a pau...

- Vamos deixar pra depois, Chiquinho... – afinal de contas só ele queria andar naquilo...

- Vamos no carrinho bate-bate?

- Vamos então.

Ao chegar na fila, tem um lugar para medir altura das crianças e nem o Chiquinho e nem o Saulo puderam ir sozinhos. Eu e Duda tivemos que acompanhar...

A diversão começou, aquelas batidas fenomenais aconteciam... Estava matando a saudade do meu tempo de criança...

Tudo corria bem e a manhã estava sendo tranquila. Os meninos aproveitaram pra caramba e resolveram pedir sorvete. Cada um custava R$ 2,00 reais. Ok, sem problema. Mas já tinha gastado R$ 130,00 até então.

E a diversão continuou. Tiro ao alvo, Fliperama, Casa dos Risos, Carrossel... Até que:

- Jorginho... tô com fome.

- Eu também.

- Eu também.

- Vamos embora então amor?

Excelente ideia. Era o que eu queria, pois não aguentava mais. Porém, escutei:

- Vamos ao shopping, os joguinhos de lá são mais legais...

Ah cambada de filho da mãe... Mas tudo bem, faz parte. Era o dia que peguei para ser o tio gente fina, hehe.

Então fomos ao shopping São João, direto para a praça da alimentação com os meninos. 

Minha intenção era ir num lugar só e comprar um lanche padrão, tranquilo. Mas menino é fogo! Tem que inventar moda...

- Tio, não quero palhaço feliz não.. quero um hambúrguer do Buddy’s ...

- Eu quero palhaço feliz...

- Eu também...

Ótimo, logo o mais velho criando caso, “oh Arturzinho, não faz isso comigo não meu fi...”

Mas aí montamos a logística, como se fosse uma operação da policia. Eu fui com o meu irmão no tal do Buddy’s e a Duda foi com os outros dois no Palhaço.

- Fala aí para a moça o que você quer..  

- Eu quero duplo com queijo e um Milk shake...

- Ok Senhor, dá R$ 25,00.

Fincada, mais uma vez... Por isso que hoje eu concordo que filho é um cheque andante. (Vocês estão somando? Já deu R$ 155,00)

- Vou pegar um pedaço, não quero nem saber – desabafei e ele sorriu satisfeito.

Fomos para a mesa. Duda já esperava com os outros meninos. O lanche dos outros dois deu R$ 40,00, sendo dois kits que traziam uns copos para fazer umas pirâmides esquisitas, não sei como explicar, um jogo doido.

De repente começa a discussão.

- Chiquinho, porque você não quer comer?

- Tem esse negocio verde que eu não gosto, é ruim...

Era o picles.

- Eu vou tirar para você, ok? Aí você come?

Balançou a cabeça positivamente.

Tirei, mas ocorreu outro problema.

- Não vou comer mais, pois você tirou com a mão suja...

Deu vontade de jogar tudo para cima e levar esses meninos para casa.

- Tá, vou comer para você, tá? – Duda disse...

- Calma, vamos resolver... Chiquinho, pode comer pois minha mão tá limpa, tá tranquilo...

- Não, tá suja!

Só para esclarecer, lavei as mãos antes. Mas vocês já viram uma criança dar “piti” por causa disso? Curioso, não?

Então, lá se foram mais 20 reais, tive que comprar um kit palhaço feliz e implorar para não vir com esse negócio de picles. Eu não entendo o porquê da insistência desta rede de lanchonetes colocando esse negócio, a gente só aprende a comer depois de velho. Menino não gosta, Sr. Palhaço! Entenda... (Sim, já são R$ 215,00)

Pois bem. Todos comeram e enfim, vamos levá-los para as respectivas casas.

- Querido, espere...

- Quê? – Já sem paciência, respondi.

- Eu tenho que passar na loja de brinquedos para comprar o presente do Samuel, é aniversario dele e sou a madrinha né?

Olhei para os olhos dela, querendo passar por telepatia o que eu estava sentindo. Ela entendeu, mas não arredou o pé. Balancei a cabeça positivamente com um desânimo.

- Eu vou levar o Chiquinho.

Pura ingenuidade da pessoa. Nunca leve seu filho com um amiguinho, ou um familiar da mesma idade, para comprar presente só para um deles, se não quiser ficar com fama de chata e bruxa. 

Chegamos à loja e logicamente o menino iria pedir o presente mais caro, o mais extraordinário, que passa sempre na propaganda. Mas afilhado dela, azar.

- Duda, posso pegar um brinquedo para mim também?

Duda percebeu o equívoco que cometera. Mas conseguiu se sair bem.

- Chiquinho, pode escolher um presentinho, mas será uma lembrancinha. É aniversário do Saulo, lembra? Quando for seu aniversário eu compro um presentinho melhor.

E saiu correndo todo feliz e foi buscar o tal presentinho.

Era um super ultra mega carro de controle remoto que só falta falar... E custava R$ 450,00 ...

- Chiquinho, lembra do que te falei? Tem que ser algo pequenininho, baratinho...

Dessa vez ele pegou uma arminha de água de R$ 30,00. Tranqüilo.

Mas aí eu estava fora da loja olhando meu irmão Arturzinho e conversando com ele. Já estávamos impacientes e entrei com ele na loja. Outro equívoco.

- Arturzinho, olha o que eu ganhei... Pode escolher que a Duda de dá....

De repente olhei uma fumaça saindo da cabeça da minha linda namorada. Seu olhar parecia duas armas apontadas em minha direção. Pensei “É hoje que eu morro”.

- Arturzinho, meu irmãozinho, vamos conversar ali fora.

Fui levando-o, mas ele já tinha percebido...

- Tudo bem, Jorginho, eu entendo. Não vou ganhar nada.

Ele era mais velho, sabia que era aniversario do Saulo, mas não entendia porque que ele sempre ficava na desvantagem.

- Olha, vamos fazer o seguinte, te levarei no jogo do Glorioso. Só você e mais ninguém.

Vai uma dica, quando você tiver nesta situação, ofereça exclusividade pois a criança se sentirá importante.

E esta foi a minha maior aventura na vida e a maior despesa com criança até agora. Fico imaginando quando for meu filho ficar naquela batalha financeira constante, mas felicidade plena, porque criança é a coisa mais sensacional que existe.



Bruno Farnese. Relações Públicas, filho de Roberto e Kátia. Adorador de carne e cerveja, odeia azeitona, perder no xadrez do avô ou na peteca da avó. Gosta de tentar escrever nas horas vagas. Reclamações e sugestões? Você pode segui-lo no Twitter @bfarnese ou no Facebook.

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