Um dos problemas que enfrento no meu trabalho é a reduzida
oferta de restaurantes para almoçar.
Basicamente eu tenho três opções. Existe a mais barata,
porém mais gordurosa; a intermediária no preço e na variedade e a opção mais
variada, saborosa e cara.
No começo do mês, dou prioridade ao restaurante
intermediário e poucas vezes vou ao mais caro. Depois do dia 20, nem penso e procuro
a opção mais barata sempre.
Por isso, quando abriu um novo restaurante pelas
redondezas não pensei duas vezes para saber em qual categoria iria
classificá-lo.
Ao chegar e ver que o preço era mais barato do qualquer
restaurante num raio de 10 km ,
meu sentido de aranha disparou. Algo estava errado e não era a grafia “Beringela à moda” no quadro.
Conforme aprendi no MasterChef, surpreender com comida
simples é mais difícil do que com pratos mais elaborados. Me servi de arroz,
feijão, bife, fritas e salada, acompanhado de um suco de laranja para
harmonizar.
Empurrei o prato e comecei a mexer no twitter, naquele
momento em que se espera o almoço descer ou a fila do caixa diminuir – o que
acontecer primeiro. Tudo indo bem até que a Testemunha de MousseVá chegou à
mesa.
- Boa tarde.
- Boa tarde.
- Foi bem atendido.
- Sim, obrigado.
- Posso recolher seu prato?
- Claro, obrigado.
- Você deseja uma sobremesa?
- Não sei.
- Temos uma mousse de chocolate muito boa.
- Hummm. Tem mais alguma outra coisa?
- Temos pudim de leite condensado, torta de Bis, “saladifrutas”...
- Bacana
- E Mousse de Chocolate.
Quem me conhece sabe que eu sou alucinado com Pudim de
Leite Condensado.
- Quanto tá o Pudim de Leite Condensado?
- Três e Cinqüenta. Quer que pega?
- Não sei... Acho que vou pegar uma paçoquinha mesmo.
- A Mousse de Chocolate tá três e vinte.
- Não, obrigado.
- Tá uma delícia.
- Eu imagino que esteja mesmo, mas obrigado.
- Quer o pudim?
- Tá, pode ser.
- Certeza que não quer Mousse? |
- E Mousse?
- Não. Só o pudim mesmo.
- Tão tá. Vou buscar.
Eu tinha certeza que essa moça ia voltar à mesa
acompanhada de outras duas mulheres, que elas iriam trazer mousse de chocolate
e falar dos benefícios dele pra minha vida, e deixar uma revista chamada Experimentai com todas as receitas de
mousse de chocolate conhecidas. Por isso a chamei.
- Moça, só o pudim tá?
- Claro.
Voltei minha atenção para o twitter até que a moça voltou.
- Aqui o Pudim.
- Obrigado.
- E trouxe mousse também. Olha como tá bonito.
- Olha moça, obrigado mesmo, mas não quero mousse. Só o
Pudim.
- Ok. Mais alguma coisa?
Meu medo era falar “um café” e ela me trazer “Mousse de
café”. Ou falar “nada” e ela entender “mousse de nata” ou um “brigado” e
aparecer um “mousse de brigadeiro” na mesa.
- Não. Agradecido.
Comi meu pudim, fui para o caixa o mais rápido possível e
voltei pro serviço.
Mas se o interfone da minha casa tocar às oito da manhã
num domingo, vou me certificar pelo olho mágico primeiro.
Vai que é alguém me oferecendo mousse de chocolate...
Guilherme Cunha. Ex-advogado. Futuro escritor. É apenas mais um trabaiadô,doutô. Mais um nerd gordo que acha que é blogueiro. Apreciador de boa cerveja, boa música, boa conversa e de paciência Spider. Melhor jogador de War com as peças verdes. Siga-o no twitter: @guijermoacunha
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