segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Filho da PUC

Estava quase publicando um texto do Bruno Farnese - que já está pronto e publicarei essa semana ainda - quando me dei conta de um fato que me fez viajar no tempo e simplesmente deixar esse outro texto pra depois: há 10 anos eu entrava na faculdade. 

Quer dizer, entrava não, pois a primeira vez que entrei na faculdade foi em 2002, na qual frequentava os bares e assistia aulas sem estar matriculado, apesar de professores me conhecerem e estar lá apenas para acompanhar um amigo (o que não deixa de ser importante, pois uma das grandes amizades que tenho hoje foi feita nesse período).

Há 10 anos atrás eu ingressei no curso de Direito da PUC. Essa é a expressão correta.

Naquela época, eu não tinha ideia de que concluir um curso superior seria menos importante do frequentar uma faculdade. E digo isso hoje para qualquer pessoa que me questiona sobre o rumo acadêmico que deve tomar na vida: não se preocupe apenas com o curso em si, mas desfrute principalmente do convívio com amigos e com as experiências de vida que se aprende enquanto estamos lá. 

São exatamente essas lembranças que me fizeram viajar no tempo. Lembrar dos primeiros dias de aula, em que não conhecemos o ritmo de aula e dos professores, na qual começamos a costurar amizades que talvez nós acompanhem para o resto de nossas vidas. É recordar de quando não tínhamos as malandragens de vagas para estacionar, horário de funcionamento de bibliotecas, qual o bar que tem a cerveja mais gelada ou o melhor lugar para se namorar.

No meu caso específico, cursei até o 5o período no horário da manhã e fazia estágio no período da tarde. É incrível olhar pra trás hoje e lembrar que fui padrinho de casamento por duas oportunidades nas quais amizades que foram construídas na faculdade se casaram e consolidaram uma amizade que dura até hoje.

Além disso, saber que mantive um relacionamento por anos com a primeira pessoa que conversei na faculdade, que se tornou uma grande amiga, depois uma grande namorada, me faz perceber o quanto que o convívio e o companheirismo de uma turma de faculdade foi primordial para me tornar a pessoa que eu sou hoje, mesmo que este relacionamento tenha acabado.

Nesta turma da manhã aprendi a me aproximar de discussões políticas - graças a uma professora que mantenho contato até hoje -, a superar traumas como a morte de uma amiga de turma, a saber enfrentar problemas como no caso do meu professor que já contei aqui e a manter contatos que me trouxeram inúmeras experiências únicas.

Mas meu contrato de estágio estava vencendo e eu resolvi prestar outro vestibular e me transferir pro período noturno.

E foi aí que aprendi o quanto podemos ser fortes se estamos juntos. 

Nunca tinha estado entre pessoas que se ajudavam e que se uniam como nessa minha turma da noite. Foi lá que fiz amizades importantíssimas que me ajudaram não só na conclusão do curso, mas no prosseguimento da vida. São amizades que não só tornaram o curso mais fácil de ser trilhado, mas que fizeram o caminho a ser percorrido trazer mais aprendizados do que o destino que alcançamos.

Não tenho como descrever a gratidão que tenho pelos amigos da turma da noite. Só posso dizer que todas as vezes que me lembro de tudo que passamos e do tanto que tive apoio - e que ainda tenho - quando precisei, o olho enche d'água. Mais do que emoção, são lágrimas de gratidão por tudo.

Depois que formei, uma das advogadas mais que brilhantes com quem já trabalhei e que me deu a primeira oportunidade quando precisei me disse que eu "precisava esquecer um monte de coisas que eu tinha aprendido na faculdade, mas não podia esquecer das coisas que eu passei lá". E hoje eu assino embaixo.

Não quero escrever aqueles textos padrões que falam sobre bebedeiras, provas que se estudam e a nota é baixa, provas que não se estudam e a nota é alta ou sobre colas e trapaças para se passar. Isso tudo é verdade, mas precisam ser vivenciados por todos que passam por uma faculdade. A única coisa desses textos que eu quero repetir é para aproveitar o máximo o período que estiver lá, pois são os melhores anos da vida..

Por isso, precisava escrever isto...

O meu mais profundo e sincero- e emocionado - MUITO OBRIGADO a todas as pessoas que passaram e fizeram parte da minha trajetória acadêmica. Vocês não fazem parte da minha vida, vocês são responsáveis por ela. 

Toda grande caminhada começa com um primeiro passo e é ótimo saber que existem pessoas que ainda estão meu lado. E pensar que tudo começou há exatos 10 anos... 

Que saudade PUC, que saudade...


Guilherme Cunha. Ex-advogado. Futuro escritor. É apenas mais um trabaiadô,doutô. Mais um nerd gordo que acha que é blogueiro. Apreciador de boa cerveja, boa música, boa conversa e de paciência Spider. Melhor jogador de War com as peças verdes. Siga-o no twitter: @guijermoacunha 

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